O filme de ação Coquetel Explosivo (traduzido originalmente de Gunpowder Milkshake) chegou ao Brasil nesta sexta-feira (12). Produzido e distribuído internacionalmente pela produtora Netflix, o thriller estreia com exclusividade em solo brasileiro através do streaming da Amazon Prime Video. Com 1 hora e 54 minutos de duração, o protagonismo feminino prometido é entregue com louvor, mas perde a graça com a narrativa desproporcionalmente arrastada.
Em Coquetel Explosivo recebemos a personagem Sam, interpretada por Karen Gillan. A personagem exerce seu trabalho como assassina de aluguel após o desaparecimento de Scarlet (Lena Headey), sua mãe. Sam acaba por assassinar o filho do chefe de uma gangue poderosa. Além disso, ela decide se desviar de uma missão importante para salvar a vida de uma menina. A personagem começa a ser perseguida, e precisa da ajuda de velhas amigas de sua mãe: Florence, Madeleine e Anna May (Michelle Yeoh, Carla Gugino e Angela Bassett respectivamente).
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Sobretudo, o ponto principal do filme é o protagonismo feminino que recebemos. Fora do estereótipo, sem sexualização desnecessária e ótimas cenas de ação para quem ama tiros e facadas para todo lado. Gillan interpreta muito bem uma assassina de aluguel, pouco esboçando reações como se estivesse amargada com toda a bagagem psicológica que se vê para enfrentar na narrativa.
No entanto, advindo deste ponto, o telespectador pouco sabe ou entende da personagem. Se conectar com as motivações e sensações da mesma é difícil, o que não gera empatia por suas ações brutais. Este ponto se assemelha com a personagem interpretada por Mary Elizabeth Winstead em Kate (2021), que também é uma assassina de aluguel mas pouco se explora sobre as profundidades de uma personagem que optou por uma carreira tão complexa. Então, se aprende uma lição: Não adianta jurar uma personagem feminina forte se um roteiro não está disponível em explora-la em todo o seu potencial. A princípio, de nada vale dar ao público feminino uma mulher forte se a narrativa não a aproxima do público para o qual a produção é voltada.
Sobretudo, Coquetel Explosivo se desenrola dentro de um mundo cru, frio, real, altamente machista e violento. Embrulhado por personagens femininas incríveis, não se pode negar que as críticas sobre igualdade de gênero aqui existem. No entanto, como já citado, isso se perde em uma narrativa extremamente previsível e arrastada, com cenas que você se pergunta se eram necessárias mesmo e no que estas agregam no final da trama.
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Outro ponto positivo é a fotografia. Abusando de capturas em primeiro plano, deixando a cinematografia mais intimista em ambientes tão neon e sangrentos, os takes de Coquetel Explosivo são bons, bem feitos e bem explorados. Menção honrosa à toda pancadaria que rola no interior de uma lanchonete americana.
Tirando isso, nada mais te prende. Nem mesmo o acréscimo de uma criança fofa que aparenta gostar de estar exposta a tantas cenas violentas. Quem assiste se perde, não entende os conectivos de uma cena para outra e consegue traçar, calmamente, como será o final, que em nenhum momento se esconde entre a quantidade de sangue derramado, de que vai ser algo totalmente previsível e sem graça com um pôr do sol clichê final.
Por fim, Coquetel Explosivo serve um protagonismo feminino bom, mas não inova em nada no quesito. Sua narrativa se arrasta desnecessariamente, o que causa tédio até na mulher mais empolgada e empoderada que o assiste, desperdiçando assim um elenco feminino de qualidade escalado provavelmente para gerar um impacto que não existiu.
Contudo, a produção Coquetel Explosivo já está disponível na Amazon Prime Video.
Crítica
Título: Coquetel Explosivo
Diretor: Navot Papushado
Elenco: Karen Gillan, Lena Headey, Carla Gugino, Michelle Yeoh, Angela Bassett, Ralph Ineson e Chloe Coleman
Nota: 3,5/5
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