10 anos desde o lançamento de Harry Potter e as Relíquias da Morte parte 1, o início do fim de uma era que fez jovens ao redor do mundo acreditarem no amor, na amizade e na revolução.
Há dez anos, a primeira parte da adaptação do último livro da franquia da escritora J.k Rowling chegou aos cinemas e marcou o fim de uma era que na verdade, foi apenas o começo.
O filme nos mostra um Harry em transição com o fim da sua adolescência e início da vida adulta com mais problemas do que qualquer jovem bruxo na sua idade deveria ter.
Acompanhamos Harry durante todos esses anos e vimos todo sacrifício feito pelo garoto para salvar sua pele, aqueles que ama e também todo o mundo bruxo.
Apesar da saga se tratar de um mundo fantasioso, são nítidas as semelhanças com nosso mundo e a nossa sociedade, e uma das características mais marcantes dessas semelhanças é a divisão por conta do sangue, o que é um dos maiores motivos da guerra bruxa, o que se assemelha aos anos de escravidão e a luta recente por respeito à pluralidade da nossa sociedade, como o movimento Black Lives Matter que tomou as ruas ao redor do mundo.
Mesmo com um governo oprimindo a juventude, o ministério intervindo em Hogwarts, novas medidas para censurar o ensino, vemos os alunos lutando contra esse sistema e se unindo para realmente aprender alguma coisa.
Harry sai em busca das horcruxes mesmo passando por tantos conflitos internos, inseguranças incerteza sobre o que irá acontecer, e sua única certeza é que só ele pode fazer alguma coisa para salvar todos que ama e também o mundo bruxo. Ao mesmo tempo em que o jovem descobre ser o eleito, ele nunca está sozinho, o trio permanece leal e unido durante todos esses conflitos.
Se os outros filmes mostraram um ar mais amigável, aventureiro e mágico,Harry Potter e as Relíquias da morte mostra um mundo mais sombrio, o Lorde das Trevas está no comando do Ministério da Magia e Harry, que foi o mocinho durante anos passa ser o indesejável n° 1.
“Se você não for cuidadoso, os jornais farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas e amar os opressores” Malcolm X
Vivemos atualmente em um cenário em que a juventude tenta concertar os problemas sociais causados pelas gerações passadas, juventude essa que escolheu não se calar diante da desigualdade, preconceitos, abusos e até mesmo o fascismo disfarçado em cada político no poder. Uma geração que vai para as ruas e luta pelo que acredita e que começa fazer a diferença, e mesmo passando por tantos conflitos pessoais ainda possui forças para defender o que acreditam. Assim como os personagens do último filme percebem que a Batalha de Hogwarts está prestes a começar e somente eles podem fazer alguma coisa, os jovens lutam e dão suas vidas por esse propósito, e Harry não exita em se entregar quando descobre que precisa morrer para destruir o Lorde das Trevas.
Harry Potter foi para uma geração inteira sinônimo de amizade,coragem, união, lealdade, sacrifícios, liberdade e justiça. Não é apenas uma coincidência que a geração que cresceu lendo não só esse mas outros livros como Jogos Vorazes, Divergente, Maze Runner entre outros, se revoltem com o sistema e realmente comecem a lutar por uma mudança.
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O desfecho épico da saga ,representa a verdadeira luta entre o bem e o mal.
A cena em que os alunos aparecem todos uniformizados andando em fila ao comando de Snape, é impossível não pensar em uma sociedade dominada pelo fascismo, do passado quando Hitler exercia poder em alguns cantos do mundo e em um possível futuro quando passamos pela agonizante eleição de 2018 onde um candidato abertamente fascista foi eleito.
Assim, essa abordagem realista, começa a se encaixar na nossa realidade, que antes era apenas um universo fantástico criado pela escritora, que foi o palco do encantador universo dos bruxos e agora trava uma árdua batalha contra a ditadura de Voldemort.
Tudo isso junto com o prazer de ver a evolução dos personagens que encheram os corredores de Hogwarts e nos fizeram rir durante tantos anos, agora é devidamente satisfatório perceber esses arcos de evolução do trio que aparece na linha de frente da batalha.
O que aconteceu durante esses anos,de uma figura que aparentemente já havia sido destruída, assistimos à ascensão de Voldemort se mostrando um ditador sanguinário com sede de poder e medo com desprezo por todos que não possuíssem sangue puro, a transformação de um mundo iluminado, cheio de magia e jogos de quadribol se transformando em um pesadelo cinzento. Observamos os risos infantis dando lugar à angústias da adolescência e incerteza sobre o que prevaleceria, o bem ou o mal.
Nessa última década Harry Potter não deixou de ser atual, e continuar cativando pessoas de 05 a 90 anos, divertindo, ensinando e acima de tudo trazendo esperança.
E você? Nos conte nos comentários como Harry Potter e as Relíquias da Morte te marcou nos últimos dez anos.