Crítica | Loucos por Justiça, um drama psicológico disfarçado em clichê de ação

Crítica | Loucos por Justiça, um drama psicológico disfarçado em clichê de ação

Loucos por Justiça é muito mais do que ação, violência e morte. É um drama psicológico com uma pitada de comédia na medida certa. Mostra diferentes formas de lidar com perdas, culpa e traumas.

No início do filme, é possível pensar que se trata de mais um clichê de ação, em que o protagonista perde uma pessoa amada e sai em busca de vingança. Mas, na verdade, o diretor quis mostrar uma realidade vivenciada por muitas pessoas. Aquela em que, quando perdemos alguém próximo, de uma forma trágica, simplesmente precisamos aceitar os fatos como são. Apesar de ser um drama bem realista, o filme possui algumas cenas de ação um pouco irreais.

Markus (Mads Mikkelsen) é um militar respeitável, enquanto está em uma missão longe de casa, sua mulher morre em um acidente de trem. Markus precisa então, voltar para casa e cuidar de sua filha Mathilde (Andrea Heick Gadeberg). Porém, ao mesmo tempo em que tenta ajudar Mathilde a superar a morte da mãe, ele também está tentando lidar com o próprio luto. A raiva e a perda faz Markus ter atitudes machistas e egoistas, afastando cada vez mais sua filha. Quando um gênio da matemática e um hacker vão até ele com evidências de que, a morte de sua mulher não foi um mero acidente, o militar só pensa em vingança.

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Abuso Sexual e Psicológico

O diretor dinamarquês, Anders Thomas Jensen, conseguiu trazer tópicos um tanto quanto polêmicos e perturbadores, abordando diferentes cenários e situações para cada um dos personagens. Seguindo nesta mesma linha, vimos dois personagens da trama que sofreram abusos sexuais em determinado ponto de suas vidas. Sendo assim, é possível ver que, apesar deste denominador em comum, ambos tiveram sua própria forma de lidar com esses abusos. Outro ponto importante que devemos mencionar, é a estrutura emocional desses personagens, apesar de não sofrerem mais nenhuma abuso físico, o psicológico de ambos está totalmente abalado, mostrando vestígios de uma vida infeliz.

A maneira como o filme retratou o peso de um trauma, seja ele qual for, é bem forte e realista. Mostrando que nem todo mundo consegue ou sabe lidar com esses traumas da melhor forma, pois é doloroso e muitas vezes vergonhoso. Assim como o protagonista, cada personagem precisa enfrentar sua própria realidade, seus medos e sua emoções.

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Suprindo as perdas

Outro tema importante que Loucos por Justiça nos traz é, a necessidade em apreciarmos o que temos ao nosso redor. Todos os personagens perderam algo ou alguém, em consequência disso, tentam suprir essa falta de alguma forma, seja ela boa ou não. Sendo assim, está claro que enquanto tentam suprir este sentimento, todos esquecem de olhar para o que já têm.

A forma que Markus encontra para lidar com o luto é bem comum. A raiva e a perda nos fazem querer encontrar um culpado para os acontecimentos que não podemos mudar. Vemos isso claramente em uma das cenas finais em que Mathilde está conversando com um amigo, sobre o acidente que gerou a morte de sua mãe, e ela diz:

“Só acho que tudo faz mais sentido, quando dá para sentir raiva de alguém”.

Uma observação a ser feita é em relação à trilha sonora, as músicas tocadas durante o filme Loucos por Justiça, são somente músicas clássicas, despertando um forte sentimento de melancolia. Isso também facilitou uma conexão com cada um dos personagens.

Loucos por Justiça estará disponível no dia 6 de agosto nas plataformas Claro Now, Vivo Play, Sky Play, iTunes/Apple Tv, Google Play e YouTube Filmes. Assista ao trailer aqui.

Crítica

Título: Loucos por Justiça

Direção:  Anders Thomas Jensen

País: Dinamarca / Suécia / Finlândia

Elenco: Mads Mikkelsen, Andrea Heick Gadeberg, Nikolaj Lie Kaas, Lars Brygmann

Nota: 4/5

Veronicca Fernandes
Estudante de jornalismo, vegetariana e redatora d'O Quarto Nerd. "Livros muitas vezes são melhores companhias do que pessoas"